Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ISONETE DO SOCORRO PERNA PEREIRA
DATA: 28/11/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Sala de Estudos do Prédio da Pós-Graduação do PPGCITE/ONLINE
TÍTULO:

HISTÓRIAS VIVIDAS E NÃO ESCRITAS: a escolarização na comunidade São João Batista, na Ilha de Campompema, Abaetetuba-PA, no período de 1930 a 1940.

PALAVRAS-CHAVES:

Comunidade tradicional; Escolaridade; Memória; Oralidade.


PÁGINAS: 130
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Educação
RESUMO:

Esta pesquisa aborda o processo de escolarização na comunidade São João Batista, localizada na Ilha de Campompema, em Abaetetuba-PA, durante o período de 1930 a 1940. Tal contexto reforça a importância de dar visibilidade às narrativas escolares que, historicamente, permanecem à margem dos registros oficiais. Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa foi investigar o processo de escolarização na comunidade São João Batista, localizada na Ilha de Campompema, em Abaetetuba-PA, durante o período de 1930 a 1940. Especificamente, buscou-se: 1) evidenciar os fatores que influenciaram e contribuíram para o processo de escolarização na comunidade; 2) refletir sobre as motivações dos alunos da comunidade, no período investigado, em sua busca pela escolarização, considerando a ausência de escolas na região e a falta de exigência de formação escolar pelo mercado de trabalho à época; e 3) revelar as percepções dos alunos e moradores daquele período sobre a relevância da escolarização no contexto analisado. O suporte teórico inclui Alberti (2005, 2008), Bosi (1994, 2003), Portelli (2010, 2016), entre outros que fundamentam a abordagem da história oral e a valorização das narrativas como fonte histórica. Para compreender o processo educacional no contexto ribeirinho, recorremos a Molina (2012), Arroyo (2008, 2011), Caldart (2004, 2009) e demais estudiosos, que discutem criticamente os desafios e avanços da Educação do Campo. O percurso metodológico fundamenta-se na história oral como técnica de investigação, por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com idosos entre 90 e 99 anos. A análise dos dados seguiu os princípios da análise de conteúdo, permitindo a sistematização das narrativas e a identificação de sentidos atribuídos à escolarização. Os achados da pesquisa revelam uma configuração singular da escolarização na comunidade, expressa em três categorias emergentes: (1) escolarização como função e responsabilidade social da coletividade, evidenciada pelo envolvimento comunitário na valorização do ensino; (2) (des)estruturação da escola frente às limitações locais, com destaque para espaços improvisados, escassez de recursos e adaptações às condições socioeconômicas; e (3) ressignificação comunitária da prática pedagógica, marcada pela integração dos saberes locais, pela aprendizagem informal e pela criação de estratégias educativas próprias. Tais resultados apontam para uma educação ribeirinha pautada pela autonomia, afetividade e resistência sociocultural, em que a escolarização, mesmo em condições precárias, foi compreendida como pilar na construção da identidade social e comunitária. Nesse contexto, os participantes demonstraram notável resiliência na busca pela educação, valorizando saberes considerados essenciais à época, como ler, escrever o próprio nome e realizar operações matemáticas básicas. A escolarização, mesmo em condições precárias, era compreendida como um pilar na construção da identidade social e comunitária. Esses achados reforçam a importância da escuta sensível às memórias como fonte legítima de produção de conhecimento, promovendo o reconhecimento de experiências escolares ribeirinhas que resistem ao apagamento histórico. Com base nisso, a pesquisa amplia os sentidos da educação em territórios amazônicos, contribuindo para uma leitura crítica da escolarização como prática social, vinculada à formação de identidades, à valorização dos saberes locais e à promoção do desenvolvimento comunitário.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 754.648.291-72 - FERNANDO MANUEL ROCHA DA CRUZ - UNIPORTO
Interno - 032.452.733-04 - NATANAEL CHARLES DA SILVA - UFRN
Externo à Instituição - RAQUEL AVARENGA SENA VENERA
Presidente - 2657198 - VIVIAN DA SILVA LOBATO